quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Um dia de luto para os amantes do verdadeiro futebol...

Posso dizer que uma das grandes paixões da minha vida é o futebol. 
Se não existisse esse esporte tão simples e tão belo, cheio de dramas e tragédias, de esperanças e milagres, provavelmente minha vida seria muito chata. 
Apesar de meus poucos 22 anos de vida, sempre procurei estudar e entender a história do Botafogo e da seleção brasileira.

Esse incrível jogador que nos deixou hoje, neste triste dia 27 de novembro de 2013, ficará marcado para sempre nessas duas belas histórias.
Uma das poucas coisas que lamento profundamente na minha vida é o fato de nunca ter visto Nilton Santos jogar.

Chorei muito. Tudo o que me restou, depois dessa trágica notícia, foi deitar em minha cama e ouvir o Glorioso hino do nosso time, enquanto penso em tudo o que esse jogador representou para o futebol, de um modo geral.
 Não apenas pelo fato de ter sido simplesmente o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos e de ter revolucionado a própria definição de um lateral, nem mesmo por ter nos dado duas copas do mundo ou ter vestido apenas a nossa camisa, mas principalmente por ter amado verdadeiramente o Botafogo.

Os torcedores de hoje, não importa o time, tendem a dar pouco valor ao passado. Já ouvi muitos dizerem que "antigamente era fácil jogar futebol", que ninguém marcava, que não se faziam faltas. Nunca consegui enxergar isso como algo ruim, sendo bem verdade que sequer concordo com essas afirmações. O que sei é que antigamente se jogava um futebol bonito, algo totalmente diferente das frequentes peladas entre os retranqueiros times de hoje, que têm muita posse de bola (leia-se: um toca pra lá - toca pra cá extremamente chato no meio-de-campo) e pouca ofensividade. 

A diferença não está apenas no fato de que se jogava para frente, mas também na fácil constatação (por muitos ignorada) de que se jogava com amor

Em um tempo em que jogar futebol não fazia de ninguém um milionário, os jogadores tendiam a ficar muito tempo em seus times do coração, ou mesmo em times com os quais se identificavam profundamente. Mas todos sabemos que, em cada centímetro do corpo de Nilton Santos, corria um sangue alvinegro. E, desde a primeira vez em que esse craque vestiu a nossa camisa, o Botafogo nunca mais foi o mesmo.

Fico triste com a alienação futebolística de alguns seres que se dizem amantes desse maravilhoso esporte e sequer sabem quem foi Nilton Santos. Sim, eles existem. Estão por todos os lados, repetindo para quem quiser ouvir que o maior craque de todos os tempos foi Vágner Love. Para eles, o futebol começou na "era Dunga". Tudo o que veio antes, todos os craques cujos nomes eles nem querem saber, foi amador demais para ser levado em conta.

Digam o que quiserem, eu continuarei defendendo que o futebol era muito melhor nos velhos tempos.

Hoje, tudo o que um jogador tem de fazer para ser considerado um ídolo é ganhar um título. Ou dois. Mesmo que seja jogando mal. Fico triste ao constatar que Fred (nada contra, um bom centroavante para os dias de hoje) é considerado o maior ídolo da história do Fluminense, por exemplo. Um cara que só está no Fluminense por dinheiro. Que jamais jogará tanto futebol como se jogava antigamente. Mas que, dentro do burocrático estilo de jogo atual, é um ótimo jogador.

Eu poderia falar do Túlio também... Mas me entristeço toda vez que penso nele. Ele nos traiu, mas eu seria capaz de perdoá-lo. Entendo que, como todos os outros, ele não nasceu no tempo do amor à camisa, mas do amor ao dinheiro.

O que quero dizer é que não só o futebol era diferente (e muito mais interessante) antigamente, mas que os ídolos eram de verdade.
Na minha opinião, a "Enciclopédia" do futebol (apelido que não foi dado a Vagner Love, nem mesmo a Fred ou a outros queridinhos dos amantes do futebol atual) foi o maior ídolo que nosso Glorioso clube já teve. Um jogador que revolucionou não só o futebol, mas a história do Botafogo e da Seleção Brasileira. 

Alguém que todos podem, sem hesitação, chamar de craque. Os que não chamam não entendem nada de futebol.

Estou falando do futebol de verdade. 

Não tenho palavras para descrever o tamanho da minha tristeza no dia de hoje. Os botafoguenses e os verdadeiros amantes de futebol estão de luto. 
Sinto como se uma parte Gloriosa do Botafogo tivesse deixado de existir. Algo que ficou pra trás, mas que não queremos esquecer. Nem podemos.
Mas, se eu pudesse me despedir de Nilton Santos de alguma forma, diria apenas: Obrigada! Você sempre será o meu maior ídolo. 

E, assim, a "Enciclopédia" do futebol entra definitivamente para a enciclopédia do futebol. Para os que nascerem hoje, Nilton Santos já estará morto. Mas, ainda para os que nascerem daqui a um século, seu nome será pronunciado. Que assim seja.

domingo, 24 de novembro de 2013

A bolha botafoguense e a ira narcisista de Seedorf

Em entrevista ao jornal Extra, Seedorf deixou explícitos traços psicológicos que explicam diversos comportamentos no Botafogo.

Não vou me estender no mérito da condução da entrevista, que teve um claro tom adulatório. Limito-me a afirmar que não acho que tenha sido uma obra da famigerada "flapress". Foi, acredito,  uma manifestação de um novo senso comum, segundo o qual a torcida do Botafogo é a culpada pelos fracassos do clube.

Quando perguntado sobre quais seriam as causas de o Botafogo não estar em situação melhor, Seedorf respondeu (grifos meus):
"O Botafogo precisa ser aplaudido, não procurar onde foi mal. (...)  Se não tivéssemos perdido Fellype Gabriel, Andrezinho, Vitinho, Márcio Azevedo, Jadson, com certeza estaríamos brigando por outra coisa. (...) Só sei que sem esses jogadores, mas com estádio lotados, ou pelo menos cheio, alguns pontos mais a gente tinha feito em casa."
Ao longo da entrevista, também, fez declarações como as reproduzidas abaixo.
"Nunca vi um time que brigou para entrar na Champions, por exemplo, e a torcida não lotou o estádio durante o ano. Um time que está em cima desde a quinta rodada e tem a variação do torcedor que teve, é uma grande decepção."
"A gente fez ações para mostrar que era importante abraçar o time no estádio. Não é uma crítica, é uma constatação. O time não vai fazer menos porque o torcedor não vai. Mas, se vai, com certeza faz mais." 
Em suma, a equipe do Botafogo não errou. Tudo o que estava ao seu alcance foi feito, e os culpados pelo mau desempenho são externos.

É assim que funciona na bolha de general severiano. Todos os anos, todos os fracassos são atribuidos a agentes externos. Arbitragens, contusões, torcida. Sempre há algum culpado de plantão. Todos lá dentro estão blindados contra os resultados da própria incompetência.

É bem verdade que poucas são as pessoas que admitem a culpa pelos seus próprios fracassos. Buscar culpados externos sempre dá um conforto psicoloǵico. "Fizemos tudo que podíamos" é a frase preferida dos perdedores, e é ela que ouvimos todos os anos. Mas não é só isso.

O que é interessante nestes últimos anos é que, com a chegada de Oswaldo e Seedorf,  acrescentou-se um tom arrogante a tudo isso. O que era antes uma procura compulsiva por culpados externos virou um narcisismo ridículo.

Qualquer sinal de desaprovação é visto como insulto pelos narcisistas de GS. Quem não os admira, quem não os bajula, é automaticamente detestado. Típico de narcisistas. Hotchkiss lista, como os sete pecados capitais do narcisismo, os seguintes traços:
  1. Falta de vergonha (shamelessness)
  2. Pensamento mágico
  3. Arrogância
  4. Inveja
  5. Reivindicação (entitlement)
  6. Exploração
  7. Problemas com "fronteiras"
Dentre as características listadas, algumas são mais presentes que outras no clube. Desenvolvo abaixo algumas explicações sobre as características mais evidentes.

O pensamento mágico listado envolve uma visão própria de absoluta perfeição. Essencialmente, se algo de errado ocorre, quem está errado é o mundo, e não o narcisista. Para adaptar a realidade às suas fantasias, o narcisista recorre a distorções da realidade. 

Os erros do Botafogo nunca envolvem as pessoas que estão lá dentro. Quando se trata dos cartolas, o problema é, invariavelmente, das administrações passadas.

No caso dos jogadores, a temporada extenuante, a arbitragem e a ausência da torcida são os principais bodes expiatórios. Com Seedorf e Oswaldo à frente, nunca, absolutamente NUNCA, vi algum jogador do elenco admitir um mau desempenho.

A arrogância envolve a necessidade de humilhar os outros para manter-se de pé. Claramente, o narcisista vai escolher alguém mais fraco para fazer isso. A postagem anterior, da Lohana, demonstrou isso perfeitamente. Humilhar a torcida virou, nos últimos tempos, um instrumento para recobrar a moral do grupo.

E essa entrevista do Seedorf demonstrou exatamente isso. Seedorf é um narcisista que não tem vergonha de agir de modo antiético (shamelessness).  Dane-se que ainda veste a camisa, que só existe por causa da torcida. Dane-se que ganha uma fortuna exatamente por que essa torcida existe. O torcedor do Botafogo está aí para ser achincalhado e aviltado. E não há quem nos defenda.

Mas nada disso importa. Seedorf não está sendo admirado como deveria. Seedorf não tem o apoio que merece. Seedorf é, para ele mesmo, maior que o Botafogo e que essa torcidinha de merda que não comparece. Então dane-se a ética. É isso que resume a característica listada com o nome de 'reivindicação' (entitlement). O narcisista sempre acha que merece mais do que tem. E não ter o que julga meritório é visto como um insulto inaceitável.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Desçam do pedestal

Depois da goleada por 4x0 sobre o Atlético-PR, ficou muito claro que o problema desse time era mesmo falta de raça, dedicação e uma boa dose de vergonha na cara.

Agora, no entanto, o problema de falta de humildade parece ter tomado conta do elenco.

Incrivelmente, os protestos e os ovos os uniram mais. Porém, essa união se deu contra nós. Parece que eles se sentiram rejeitados pela torcida, apesar de terem feito excelente campanha este ano e serem os melhores jogadores da história do Botafogo, como Maurício Assumpção repete no vestiário após toda derrota.

No 0x0 contra a Portuguesa, o que me chamou muito a atenção foi a forma como Seedorf saiu do campo após o fim da partida. Como estava no setor oeste, ao lado do túnel que leva ao vestiário, segurei um cartaz escrito Lutem! Respeitem nossa história e, assim como outros torcedores movidos pela raiva do momento, gritei muito que estava faltando vergonha na cara. Seedorf parou, colocou as mãos na cintura em uma pose no maior estilo Cristiano Ronaldo e nos encarou, como se pensasse que somos seres inferiores a ele e não entendemos nada de futebol. 

De alguma forma, esse comportamento parece ter tomado conta de todos os jogadores. Eles parecem motivados a vencer não por nós e pelo carinho que temos dado a eles, mas por um desejo de mostrar que são muito mais do que nós pensamos. O que os motivou a vencer contra o Atlético-PR, por mais estranho que possa parecer, foi o desejo de se vingar da torcida, que não foi capaz de reconhecer o grande trabalho desse maravilhoso elenco.

Funcionou.

E, depois, eles se recusaram a comemorar a vitória com a torcida. Somos seres inferiores que jamais reconhecerão todo o trabalho e dedicação desses atletas. E eles, é claro, são deuses.

Sinceramente, essa atitude merecia um bom esporro do nosso omisso presidente. Mas, de novo, cadê ele? Será que ele não vê que essa atitude, ao invés de unir, afasta a torcida do time?

O estranho é perceber que as obrigações mudaram de lado. Não são eles, que ganham salários de 300, 500, 700 mil por mês, que têm a obrigação de entrar em campo com raça e lutar até o fim. Somos nós, torcedores que ganham um por cento do salário deles, que somos obrigados a comprar um ingresso de 60 reais para ver um time que não tem honrado a camisa que veste.

Eu, sinceramente, não acredito na vaga para a Libertadores. Nenhum time vai muito longe quando movido por um sentimento de vingança, e não de amor ao clube. Pena que não exista uma diretoria competente para mostrar isso a eles...

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Nos ja sabiamos

Nao somos profetas.

Apenas tentamos deixar registrados aqui no nosso blog o que temíamos e que tem sido a tônica do Botafogo nos últimos anos.

Para ser mais claro na gestão do político (ou se preferirem, do dentista) Mauricio Assumpcao.

Basta relermos alguns recentes posts como esse do dia 2 de setembro

http://realfogo.blogspot.com.br/2013/09/medo-da-espiral.html

Assim como esse do dia 30 de setembro

http://realfogo.blogspot.com.br/2013/09/todos-conhecem-o-fim-da-historia.html

Ou esse postado ha apenas 4 dias

http://realfogo.blogspot.com.br/2013/11/o-massacre-esta-preparado.html

Em todos eles deixamos claro que temíamos que a espiral que teimamos em entrar ano apos ano era apenas uma questão de tempo.

Hoje o adversário foi a poderosa Portuguesa dentro da nossa casa e a torcida apoiou o time ate o apito final mas, como sempre, nao conseguimos fazer um misero gol.

E o discurso dos jogadores e do treinador continua o mesmo, "nao podemos esmorecer", "vamos reagir", "lutaremos ate o fim" e bla bla bla.

E o pior e ler em alguns blogs alvinegros posts de outros blogueiros defendendo a equipe, que o Botafogo hoje luta para ir a Libertadores e outras baboseiras. 

O fato e que esse time nao da mais. 

Assim como a comissao tecnica e a diretoria. 

E preciso que novas lideranças assumam e mudem a mentalidade do clube. 

Precisamos de um presidente que cobre resultados e mostre a cada jogador o que significa vestir a camisa do Botafogo.  

Nao podemos mais viver a sina de sermos o eterno cavalo paraguaio sob pena de vermos destruída toda a nossa bela historia.

Porque se hoje amargamos essa realidade imaginem o que o futuro nos trará.

Chega de passividade!

E sim, eles merecem ovos!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sim, eles merecem ovos

Há quem defenda que essa não é a hora cera de começar a arremessar ovos nos jogadores. Mas eu, sinceramente, discordo.

Enquanto conquistamos alguns poucos títulos estaduais nos últimos anos, vejamos cronologicamente o histórico recente de nossos maiores rivais:

2006 - Flamengo campeão da Copa do Brasil
2007 - Fluminense campeão da Copa do Brasil
2009 - Flamengo campeão brasileiro
2010 - Fluminense campeão brasileiro
2011 - Vasco campeão da Copa do Brasil
2012 - Fluminense campeão brasileiro
2013 - Flamengo campeão da Copa do Brasil (muito possivelmente...)

E o Botafogo? 

Não ganhamos um título sério desde 1995 e não vamos à Libertadores desde 1996. Quase 20 anos!
Enquanto isso, nossos rivais ganham títulos nacionais importantes e nos vemos obrigados a secá-los todo ano na Libertadores. Sorte nossa que existe a LDU. Ou mesmo o Corinthians, que eliminou o promissor time do Vasco ano passado.

Uma pergunta que frequentemente surge na minha cabeça é: se Vasco, Flamengo e Fluminense estivessem há quase 20 anos sem ganhar um título ou participar da Libertadores, estariam suas arquibancadas tão cheias? 
Os torcedores que mais frequentam o estádio são os jovens. 
No Botafogo, justamente aqueles que nunca viram o clube ganhar nada. 
Nos rivais, aqueles que foram "puxados" para os estádios pela boa história recente dos seus clubes.

E ainda temos que ouvir nosso presidente dizer: "A torcida reclama que na hora H... Na hora H o que? Fomos a três finais estaduais em quatro anos". 
Isso é desprezar a história do Botafogo e rebaixá-lo à categoria de time pequeno... Como podemos nos contentar com finais estaduais, principalmente enquanto nossos rivais estão conquistado títulos de destaque?

Sim, tem que jogar ovos nos jogadores, na comissão técnica, na diretoria.

E que Seedorf vá logo para o Milan. 
Nos momentos em que precisamos de sua liderança, ele se mostrou omisso e nos atrapalhou. Mas aquele pênalti que perdeu contra o Cruzeiro não foi o único. A verdade é que Seedorf tem histórico de perder pênaltis em jogos decisivos, como na final da Eurocopa de 1998, no jogo entre Holanda e Bélgica que valia uma vaga na Copa do Mundo em 1998, na final da Champions League em 2003 e na final da Taça Rio este ano, caso vocês não se lembrem. Além dos pênaltis perdidos, a grande quantidade de passes errados em jogos importantes não nos permite confiar nele. 
É, Seedorf, você é um amarelão. E a culpa é da torcida, claro.

Ainda assim, amanhã comprarei meu atestado de otária para ver esse time sem raça e sem vergonha na cara jogar contra a Portuguesa na quarta feira. Mas levarei cartazes. E, se possível fosse... sim, eu tacaria ovos.

domingo, 10 de novembro de 2013

O massacre está preparado

A iminente perda da vaga para a taça Libertadores dá a nós, Botafoguenses, a impressão de que o mundo está para acabar. As gozações de rivais -- que são cada vez menos efetivas, de tão frequentes -- marcarão presença neste fim de ano.

A imprensa será impiedosa. Há alguns anos, adotou-se nos veículos de comunicação o consenso de que treinadores não são os responsáveis por sucessos ou fracassos de equipes. Há, é evidente, alguma verdade nessa afirmativa. O problema é quando ela é levada ao extremo, tão absurdo, de eximir os treinadores de quaisquer clubes da culpa por maus resultados obtidos.

No caso do Botafogo, o absurdo é ainda mais gritante. Não só os técnicos, como os jogadores, a comissão técnica, a diretoria e o presidente estão completamente isentos de culpa por qualquer coisa. Segundo nossos brilhantes jornalistas, a comissão técnica deverá, ao invés, ser louvada pelo trabalho que fez em deixar o Botafogo por tanto tempo entre as primeiras posições.

É verdade que o Botafogo vendeu parte fundamental de seu elenco este ano. É verdade também que a torcida não deu o apoio que, talvez, o time precisasse em alguns momentos essenciais. É inconteste que a longa temporada é extenuante e que a equipe sente, em seu fim, dificuldade em manter o mesmo nível que apresentava no início do ano.

Nada disso, entretanto, justifica as falhas técnicas que o time apresenta. A ausência de jogadas ensaiadas e a marcação ridícula que o Botafogo faz, também não são consequência de nada mencionado acima. Finalmente, o que é mais revoltante: a postura apática, praticamente entediada dos jogadores em campo, é INJUSTIFICÁVEL. 

Infelizmente, o escolhido como o verdadeiro culpado, o Grande Satã, foi a torcida. Os públicos do Botafogo como mandante serão analisados e contrastados com a posição na tabela de classificação. "Ora, estavam em primeiro e segundo por tanto e tanto tempo, o que fazia  a torcida em casa?", perguntar-se-ão. E, embora seja uma questão bastante complexa, a resposta -- tentadora por sua simplicidade -- será simplesmente que a torcida do Botafogo é mesmo uma merda.

Muitos torcedores, alguns dos quais heróis que foram a todos os jogos e apoiaram o time incondicionalmente, reclamarão, com boa razão, daqueles que não compareceram. Aproveito o ensejo para deixar aqui um mea culpa. Eu deveria, sim, ter ido a mais jogos. Deveria ter aberto mão do meu tempo, que hoje em dia é muito, muito precioso, para apoiar o Botafogo. E entendo a raiva que os heróis da arquibancada sentem.

Tudo que peço é que também parem para refletir sobre a posição dos outros torcedores. Li hoje um comentário muito correto, infelizmente não me recordo em qual veículo. Dizia que os que deixaram de frequentar os jogos têm um motivo. Pode não ser de fato uma boa razão, mas que eles têm um motivo, têm. É importante aceitar que nem toda a torcida é imune a fracassos. E o Botafogo colecionou muitos destes, a maioria dos quais com a arquibancada cheia.

Para que não se diga que apresentei um problema sem sugerir soluções, descrevo em seguida o que acredito ser o único meio de ação disponível.

Presidente, comissão técnica, direção e jogadores já justificaram previamente o fracasso. E já demonstraram que não dão a menor importância para o clube que representam. O que nos resta fazer é calar a boca de todos esses desgraçados que aviltam a imagem do Botafogo, e que nos escolheram como bodes expiatórios.

Ir ao Maracanã na quarta-feira é uma questão de honra. 

Por amor ao Botafogo, devemos ceder à chantagem. Por acreditarmos na eternidade do nosso clube amado, quarta-feira devemos comparecer e mostrar a eles que não estamos mortos, somente extremamente desconfiados e decepcionados com a incompetência de todos eles.

E, pelo amor de Deus, a torcida não pode estar desunida. Quem instiga essa briga interna são a diretoria e o elenco, por meio de insistentes declarações que deixam implícita a responsabilidade da torcida nos fracassos recorrentes da equipe. Estamos sendo massacrados por quem deveria estar nos defendendo.

O papel de criticar a torcida é da própria torcida, da imprensa e dos rivais. Nunca, absolutamente nunca, deve vir de dentro dos muros de General Severiano. E é isso que vem acontecendo.

Calemos a bocas daqueles que ganham dinheiro em cima de nós. Compareçamos quarta-feira. Unidos.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Inventem outra desculpa

Durante um bom número de rodadas, a queda de rendimento do nosso time foi justificada com base no cansaço dos jogadores, dada a "maratona" de jogos.

Depois da nossa ridícula eliminação da Copa do Brasil, essa maratona parece ter acabado. 

Tivemos a semana passada inteira para treinar contra o Goiás. Eles, por outro lado, tiveram um jogo duríssimo pela semifinal da Copa do Brasil e não pouparam nenhum jogador nem ontem nem na quarta (ao contrário do Botafogo, que enfrentou o Vasco com o time reserva e jogou dois pontos fora, para dar descanso aos jogadores que levaram uma goleada de 4x0).

Ainda assim, eles venceram e agora estão apenas um ponto atrás de nós.

Esse jogo foi decisivo na disputa pela Libertadores. E, como já disse em outro post, o nosso time está ficando craque em amarelar nos jogos decisivos.

Agora que não têm mais a desculpa do cansaço (que parece ser um mal que paira apenas sobre General Severiano), sei que dirão que foi azar levar um gol no final. Realmente, tem coisas que só acontecem com o Botafogo... Mas a verdade é que ontem vi um time lento e sem criatividade, que parecia ter ido a Goiânia buscar o 0x0. 

Duvido muito que consigamos a vaga na Libertadores. Temos a terceira maior queda de rendimento do segundo turno. Vamos jogar mais um ano fora e, diante da crise financeira, vender o time todo e lutar contra o rebaixamento em 2014. 
Dizem que somos pessimistas, mas a verdade é que, apesar de não sabermos definir o que acontece com o Botafogo, sabemos exatamente o que esperar. Sabemos que não podemos esperar nada desse elenco, assim como sabíamos que perderíamos para o Goiás ontem. 

Nossa dramática eliminação da Copa do Brasil selou uma trajetória descendente. O Botafogo de 2013 morreu ali.

Até o próximo ano... E que comecem logo a pensar nas desculpas para mais uma ausência na Libertadores.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Minha resposta a Seedorf

Esta semana, Seedorf afirmou que, se a torcida comparecesse mais ao estádio, o Botafogo poderia ter lutado por mais em 2013.

Caro Seedorf,

Acredito que existam alguns motivos muito óbvios para a torcida não comparecer:

1) Preço abusivo dos ingressos (e dificuldade de adquiri-los)
Sou do tempo em que o Maracanã tinha um setor chamado geral e que era possível comprar ingresso para uma parte decente por apenas 20 reais (10 reais a meia). Hoje, paga-se pelo menos o dobro disso para assistir aos jogos atrás do gol. Alguma vez você, Seedorf, já esteve na arquibancada atrás do gol? Creio que não e, talvez por isso, não entenda que passamos o primeiro tempo inteiro sem ver direito um lance do time do Botafogo. Se quisermos ir na parte central, temos que pagar pelo menos 100 reais (em jogos decisivos, 140). 
Antigamente, os preços atraíam a torcida para o Maracanã, pois mesmo torcedores em dificuldade financeira poderiam assistir aos jogos na geral. Hoje, tudo mudou. Quem tem 40 reais para dar toda semana (160 reais por mês) em um jogo de futebol? Esses preços transformaram partidas de futebol em eventos raros, e não em um hábito do torcedor. 
O torcedor que não é rico como você, Seedorf, não irá a mais de dois jogos por mês. Além dos 80 reais, ainda são gastos o dinheiro da passagem e de, no mínimo, uma água ou um refrigerante (que, no Maracanã, são caríssimos). A despesa para ir a apenas dois jogos passará dos 100 reais. 
Pelo que podemos ver, somente a classe média poderá assistir a duas partidas. Às classes mais baixas, resta escolher apenas um jogo por mês.
Para quem mora longe e gastará muito dinheiro de passagem, valerá mais a pena assistir ao jogo no boteco mais próximo, onde a cerveja é infinitamente mais barata e a visão do campo é melhor (não é atrás do gol!) e em HD.
E olhe que nem estou falando aqui sobre a dificuldade de se adquirir um ingresso, devido às poucas bilheterias e aos horários restritos de venda. Ser sócio torcedor não costuma adiantar, como se pode ver pelas constantes reclamações em relação ao programa "Sou Botafogo".

2) Horário dos jogos
Você sabia, Seedorf, que é a Globo que escolhe os horários dos jogos, e que esses horários costumam ser péssimos para o torcedor?
Quem pode comparecer a um jogo que, em plena quarta-feira, começa às 22h? Esse é o horário em que vou dormir, sinceramente. A última vez em que fui a um jogo nesse horário, cheguei em casa 1h da madrugada, tendo que acordar antes das 7h no dia seguinte (isso porque, em comparação com o resto da população, ate que acordei tarde).
Aos domingos, 16h é um horário corrido para quem se reúne semanalmente nesse dia para um almoço em família. Que horas você almoça aos domingos, Seedorf? Praticamente todas as vezes em que fui a partidas do Botafogo em domingos, tive que almoçar dentro do estádio ou nas redondezas. É claro que, com o horário de verão, 17h passa a ser muito melhor. Porém, até agora não vi a Globo passar os jogos para as 17h em 2013.

3) Falta de confiança no time
Os motivos que citei acima servem para o torcedor de qualquer time do Rio.
A falta de confiança no time, no entanto, é comum entre os torcedores do Botafogo. Em meu último post, descrevi o que nós sentimos todo anos. Começamos o ano bem, confiamos no nosso elenco, até que perdemos dez jogos seguidos e não vamos sequer para a Libertadores. TODO ANO.
Esse ano, mais uma vez, acreditamos que tudo seria diferente.
No belo cartaz que levei para o jogo da nossa eliminação da Copa do Brasil, escrevi: Acreditamos em vocês! O Botafogo é nossa vida... Dêem as suas por ele!
E, bem, parece que acreditei em vão. De novo. Porque o time que parecia ser diferente nos fez passar por mais um vexame, e diante do nosso maior rival.  
Nada justifica aquele 4x0. Não venha agora, Seedorf, dizer que se a torcida do Botafogo lotasse o estádio, nós estaríamos nas semifinais.Aquele dia ficará marcado na nossa história, e eu, que estava lá, levarei para sempre essa lembrança comigo. Sinceramente, o que tenho para te dizer sobre aquele jogo é: time que não entra em campo não merece torcida que vai ao estádio.
A excelente campanha que você diz fazermos esse ano consiste em uma vaga na Libertadores que ainda não temos certeza se será realmente nossa. Podíamos lutar pelo título ou ganhar a Copa do Brasil, mas amarelamos em ambos. E não venha me dizer que ganhamos o Carioca vencendo os dois turnos, pois torcidas de times grandes vivem de títulos grandes. Não queremos Campeonato Carioca, queremos um título de expressão. Entendeu?

Não sou torcedora de sofá, mas entendo que existem motivos reais para a torcida não comparecer ao estádio. Se pudesse voltar no tempo, teria escolhido não gastar 70 reais no ingresso para ver meu time perder por 4x0. Doeu no fundo da alma. Como você não é torcedor do Botafogo, apenas um jogador que leva uma boa grana do nosso clube, acho que não entende esse sentimento.

Sabemos do seu potencial, Seedorf. Nós o admiramos pelo jogador que é. Mas essa sua declaração parece uma mera justificativa para o que vocês poderiam ter feito, mas não fizeram (e não o contrário, como você diz). Nós poderíamos ter lutado por mais se vocês estivessem dispostos a isso.

Já viu a propaganda do Gatorade, Seedorf? Para mim, uma das frases mais verdadeiras de todas: 
"Vencer vem de dentro." 
Pense nisso e pare de jogar a culpa na torcida.