sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A diferença entre Seedorf e Loco Abreu

Se perguntassem a cem torcedores do Botafogo se Loco Abreu pode ser considerado um ídolo, 90 deles diriam que sim. Mas, se fosse perguntado a esses mesmos torcedores se Seedorf pode ser considerado um ídolo, a maior parte responderia: "É um craque do futebol mundial, mas não é ídolo do Botafogo".

Loco Abreu ficou pouco mais de dois anos no Botafogo. Ganhou um campeonato estadual com a inesquecível "cavadinha".
Seedorf está há um ano e meio no Botafogo. Ganhou um campeonato estadual indiscutível e conseguiu se classificar para a Libertadores.

Então por que Loco Abreu é um ídolo do torcedor alvinegro, e Seedorf não?

Muitas vezes, o que faz de um jogador um ídolo não são as conquistas, nem a importância tática, nem as jogadas mirabolantes, nem mesmo a permanência no clube.
O que faz de um jogador um ídolo é algo que foge de conceitos do futebol e se transporta para um campo abstrato, quase espiritual: sua identificação com o clube.

Em 2002, fomos rebaixados para a série B. Em 2007, 2008 e 2009, perdemos a final do carioca para os molambos. Foram tempos difíceis.

Mas, em 2010, Loco Abreu chegou empenhado a evitar que a molambada igualasse nosso tetracampeonato carioca da década de 1930. Com a inesquecível "cavadinha", calou a boca de todos que não acreditaram no Botafogo e deu esperanças a toda uma geração desacreditada e pessimista.

Ele nos defendeu. Ele amou o Botafogo e nunca, jamais, abaixou a cabeça para os nossos rivais. Acredito que Loco Abreu foi um dos jogadores mais temidos não só pelas torcidas adversárias, mas também pela flapress e pela mídia de uma forma geral. Ele era respeitado e isso fazia com que nós fossemos respeitados.

Durante o tempo que permaneceu no Botafogo, El Loco conquistou a simpatia e admiração de todos. Foi extremamente importante para o time e fez muitos gols. Tinha a vantagem de ser o jogador mais alto de todos os clubes cariocas, de modo que era extremamente difícil marcá-lo.

Quando ganhou a Copa América, comemorou com a bandeira do nosso clube e, assim, fez com que todos entendessem o que é o Botafogo. Quando chegou à semifinal da última Copa do Mundo, dedicou a vitória à torcida do Botafogo. Loco Abreu conhecia nossa história e nossos ídolos, como demonstrou em diversas entrevistas. Ele, sim, era um jogador que entendia o quão sagrada era a missão de vestir a camisa que já foi de Nilton Santos, Garrincha e tantos outros.

Sua transferência para o Figueirense encerrou uma era para o Botafogo, mas não o afastou do clube que ele passou a amar. Seu vídeo de despedida (um carinho que poucos têm) quase me fez chorar.
No Figueira, novamente nos defendeu, ao beijar nosso escudo diante da torcida molamba. E ainda agora, no Rosario Central, continua torcendo, acompanhando e vestindo camisas do clube que o reconheceu como ídolo. Quem sabe um dia ele volta...

Agora vamos falar de Seedorf, um craque a nível mundial.

Quando chegou ao Botafogo, jogou muito. Fez muitos gols e jogadas decisivas. Mas há de se convir que, em momento algum, mostrou tamanha conexão espiritual com nosso clube. Para ele, o Botafogo parece ser apenas mais um entre tantos clubes pelos quais já passou. Provavelmente não conhece nossa história e não acompanhará nossos passos quando for treinador do Milan.

Seedorf nunca nos defendeu. Muito pelo contrário, por diversas vezes criticou nossa torcida e chegou a jogar nela a culpa que deveria assumir ao lado dos outros jogadores. Nos momentos decisivos, o que vimos não foi uma mágica "cavadinha", mas amareladas sem tamanho. Ele não foi líder como Loco Abreu, pois sua liderança desapareceu em campo todas as vezes em que precisamos do seu bom futebol.

Lembro-me de uma vez em que Seedorf deu entrevista com a camisa do Fluminense, após o jogo com o tricolor. Na minha opinião, não é uma atitude inteiramente condenável, mas hoje vejo nesse momento o motivo pelo qual ele nunca será como Loco Abreu: Seedorf nunca vestiu verdadeiramente a nossa camisa. O Botafogo é uma passagem, um clube do Rio de Janeiro onde ele resolveu bater uma bolinha enquanto passa férias no Leblon. Tenho certeza de que Loco jamais vestiria a camisa de qualquer outro clube para dar entrevista a repórteres da globo ou da sportv.

Felizmente, tive a chance de tirar uma foto com Loco Abreu. Com Seedorf é bem mais difícil, tamanha é a proteção em volta dele. Nenhum torcedor consegue se aproximar.

É claro que cada um tem sua opinião e, sabendo disso, vim aqui expor a minha. 

Seedorf pode ser um craque, um dos maiores jogadores da seleção holandesa e ter milhões de troféus em casa. Isso faz com que ele mereça o respeito de todos nós, mas não faz com que possa ser considerado um ídolo do Botafogo. Definitivamente, a relação entre Botafogo e Seedorf não demonstrou muita química até o presente momento. Já Loco Abreu conquistou um lugar no muro de General Severiano e ficará, sim, marcado em nossa história, não pelos títulos que conquistou, mas por ter nos defendido com unhas e dentes, bem como por ter entendido e respeitado a história e o tamanho do Botafogo.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sobre nosso novo treinador

Ainda não fiz nenhum comentário sobre nosso novo treinador, Eduardo Húngaro.

O que penso sobre isso é que parece uma aposta altamente arriscada, tendo em vista que estamos disputando a Libertadores depois de uma ausência de 18 anos. Sim, na minha humilde opinião precisávamos de um técnico com maior experiência - embora acredite que Autuori, por exemplo, seria uma grande furada.

É claro que essa aposta foi uma grande imitação dos molambos, que, após promoverem o interino, ganharam a Copa do Brasil. 

Mas, ainda que tenha dado certo para eles, e ainda que Húngaro conheça cada jogador do elenco, há de se convir que, assim como toda aposta, existe uma chance de dar certo e outra de dar errado. 

Pelo menos economizaremos 350 mil de salário, valor que espero que seja usado para contratar um reforço à altura do campeonato que disputaremos em 2014 .Um ataque com Elias e Rafael Marques, embora não seja exatamente horrível, não tem muitas chances de chegar longe na Libertadores.

O que nos resta agora é apoiar e torcer muito! Sejamos otimistas uma vez: vai dar tudo certo!

sábado, 14 de dezembro de 2013

Libertadores, lá vamos nós!

Agora é hora de comemorar.

Depois de 18 anos, conseguimos nos classificar para a primeira fase da Libertadores e vamos enfrentar o Deportivo Quito. Marquem em seus calendarios o dia 5 de fevereiro. Vamos lotar o Maracanã!

Foi a melhor classificação do Botafogo em campeonatos brasileiros desde 1995.

Mas ainda é pouco. 

Em 2013, poderíamos ter lutado pelo titulo, não fossem as saídas de jogadores importantes e nossa inexplicável queda de rendimento no segundo turno. Desde que levamos 3x0 do Cruzeiro, tivemos campanha de time que luta para nao cair.

A classificação poderia ter vindo muito antes - e poderíamos ter entrado direto na fase de grupos -, mas tivemos que esperar mais três dias depois do fim do Brasileirão para confirmar presença.

Antes de a ultima rodada começar, o Botafogo precisava de uma combinação de três resultados para ir à  Libertadores:
- Uma vitória sobre o Criciúma no Maracanã
- O Goiás nao vencer seu jogo em casa
- A Ponte Preta não ser campeã da Copa Sul-Americana

Eu, com todo meu otimismo, achei que nenhum dos três resultados aconteceria. E, mesmo para os menos pessimistas, a probabilidade de tudo isso ocorrer ao mesmo tempo parecia mínima. 

Mas aconteceu. Estamos na Libertadores!!

Isso nao muda minha opinião sobre alguns jogadores. Afinal, nao precisávamos ter que depender de tantos resultados. 
Mas dizem por aí que, se não for sofrido, não é Botafogo. Sim, é verdade...
Ainda assim, podemos dizer que só vamos à Libertadores porque o Goiás conseguiu ser mais Botafogo do que o próprio Botafogo e, dependendo apenas de si mesmo, perdeu em casa por 3 a 0. 
A decisão de nao mostrar os placares no estádio se mostrou acertada. Isso porque, se o time soubesse que dependia somente dele mesmo para entrar no G4, provavelmente teria amarelado mais uma vez.

Mas, neste exato momento, a verdade é que nada disso tem relevância. Libertadores, lá vamos nós!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Uma pequena homenagem a um grande homem

2013.

No ano em que perdemos Nilton Santos o mundo perdeu Nelson Mandela.

O preto e o branco sao iguais.

Sao as nossas cores.

Obrigado Nelson Mandela.


mandela

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Respeitem nossa história

No dia em que os jogadores entraram em campo de luto pela morte de Nilton Santos, o Botafogo deu mais um vexame. Perdemos para o Coritiba, em um jogo no qual dependíamos só de uma vitória para entrar no G4.

Se pararmos para pensar, perdemos todos os jogos decisivos do ano.
Depois daquele 3x0 contra o Cruzeiro, fizemos 15 pontos em 15 rodadas, uma campanha de time rebaixado.
Fomos humilhados na Copa do Brasil pelos nossos maiores rivais.
Chegamos a abrir 10 pontos de distância para o primeiro time fora do G4 e, por mais incrível que pareça, conseguimos cair para a quinta colocação.
Não voltamos porque, novamente, amarelamos nos jogos decisivos. Na nossa chance de virada contra o São Paulo na última rodada, Seedorf errou o passe e a finalização após devolução de Lodeiro.
Ontem, contra o Coxa, custei a acreditar que jogadores tão medíocres possam vestir a camisa que já foi usada por Nilton Santos.

Na semana em que fiquei refletindo acerca do que a morte de um dos maiores craques da história futebol representa, percebi que o problema não está apenas nos jogadores. O Botafogo precisa de uma mudança drástica, praticamente uma revolução.
Nilton Santos fez muito pelo Botafogo, mas o que o Botafogo fez por Nilton Santos? Não me refiro a tratamentos de saúde, mas a títulos e alegrias. O que nosso maior ídolo pôde comemorar nos seus últimos anos de vida? Infelizmente, nada. Uma de suas últimas lembranças, antes de se lançar em uma grande luta contra o mal de Alzheimer, provavelmente foi o rebaixamento para a série B.

A culpa não é apenas dos jogadores. Um clube nunca vai muito longe enquanto o presidente acreditar que lutar pelo G4 é fazer uma boa campanha. Presidente este que sequer foi capaz de cancelar sua viagem no dia da morte do nosso ídolo.

Por mim, podem todos ir embora, com exceção de alguns poucos jogadores.

Ontem, antes do jogo, perguntei ao Kio: "E se Nilton Santos tivesse morrido no dia em que fomos eliminados da Copa do Brasil, horas antes do jogo, será que teria sido diferente?".
Hoje, minha resposta é não.
A verdade é que esses jogadores não estão nem aí para o Botafogo, muito menos para Nilton Santos.
Quiseram as forças divinas que nosso maior craque nos deixasse em um dia em que não tinha jogo do Botafogo. Esses jogadores, essa diretoria... Ninguém parece ter o menor respeito à nossa história.