quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Ah, como eu queria...

Ah, como eu queria acreditar que em 2020 tudo será diferente e eu não precisarei mais aturar as zoações dos rivais durante todo o ano.

Ah, como eu queria chegar pelo menos a uma final de Copa do Brasil, sem antes ser eliminado por Aparecidense, Juventude, Figueirense e outros, ou perdendo de goleada para rivais nacionais.

Ah, como eu queria lutar por alguma coisa no Campeonato Brasileiro que não fosse escapar da série B.

Ah, como eu queria terminar 2019 esperançosa com uma Libertadores ou Sul-Americana a ser disputada no ano que vem. 

Ah, como eu queria olhar para a cara do Mufarrej e conseguir ver mais do que uma mosca morta e amassada. 

Ah, como eu queria acordar e ler notícias com expectativas de uma boa contratação ou um treinador de verdade.

Ah, como eu queria um Botafogo no qual João Paulo não fosse considerado craque do time.

Ah, como eu queria que minha única alegria não consistisse em secar os rivais, pois até mesmo meu secador vem perdendo a força. 

Ah, como eu queria enxergar em Valentim algo mais do que um treinador medíocre.

Ah, como eu queria que não tivéssemos completado ontem 24 anos sem um título de expressão, do qual eu nem me lembro, pois ainda era muito criança para compreender as alegrias e tristezas do futebol.

Ah, como eu queria não ter que ver a cara de pena com que as pessoas me olham quando digo que vou a todos os jogos no estádio Nilton Santos. 

Não é que eu não deseje títulos - não há torcedor que rejeite uma taça -, mas meu desejo principal é algo tão simples que parece absurdo estar tão distante de nós. 

Eu queria apenas poder sonhar.

Mas o Botafogo de Futebol e Regatas transformou-se em um pesadelo tão grande que parece mais próximo de fechar as portas do que de vencer o Campeonato Carioca.

Ah, sim! Vem aí a S.A....

Ah, como eu queria entrar no clima de otimismo e acreditar que virá daí o renascimento do Glorioso... 

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Julho, o mês de Barroca

Domingo, 14 de julho de 2019: a tarde na qual o futuro de Barroca como treinador começará a se desenhar de uma forma mais precisa.

Nesse dia, prestes a completar três meses no comando do Botafogo, o tão falado "barroquismo" volta a campo para enfrentar o Cruzeiro, no Mineirão.

Até então, havia, para todos os questionamentos, a justificativa da "pausa da Copa América", um período de vinte dias no qual Barroca poderia exercer intensivamente sua filosofia de treinamento, com o objetivo de entrosar e acertar o time para os últimos três quartos do campeonato brasileiro.

Pois bem, o mês de julho reserva para nosso treinador jogos nada simples, nos quais se incluem as oitavas de final da Sul americana contra o Atlético-MG (dias 24 e 31), além de um desafio fora de casa e um no Nilton Santos contra Cruzeiro (dia 14) e Santos (dia 21), respectivamente, e um clássico contra nossa maior rival, no Maracanã (dia 28).

A leitura dos primeiros nove jogos não é unânime entre os torcedores: enquanto alguns afirmam que fizemos poucas boas partidas e que vencemos a maioria por um golpe de sorte que não nos é comum, outros enxergam uma excepcional evolução tática e física e já estão a ponto de exibir um pôster do nosso treinador na parede da sala.

Especialmente para o torcedor desconfiado (e não seria redundância chamar o botafoguense de desconfiado?), a história de Barroca no Glorioso tem real início dia 14, às 16h.

Já não nos importa se o time evoluiu nos últimos 9 jogos; nos importa se ele evoluirá nos próximos 29.

Ou, para controlar a ansiedade, nos próximos 5 - justamente aqueles que serão disputados neste decisivo mês de julho.

O time conseguirá manter o aproveitamento de 55,6% no Brasileirão? E a posse de bola, que começou em mais de 70% e caiu nos últimos jogos? Como o moderno esquema de movimentação no meio de campo, o 4-1-4-1, lidará com a pressão na saída de bola e a marcação alta, perceptíveis pontos fracos da filosofia do toque de bola? E os novos reforços, como Rangel e Biro Biro, serão aproveitados?

Está na hora de Barroca mostrar verdadeiramente a que veio: mais uma revelação que não durará muito tempo ou um técnico talentoso que tem personalidade e enxerga além do óbvio?

Não obstante continuemos sem elenco, um bom treinador será capaz de fazer algo com as peças que possuímos. Sim, falta um camisa 10 e um lateral direito, mas já estivemos pior do que hoje em termos de reforços.


Não almejamos o título, almejamos lutar por algo (que não seja contra o rebaixamento).


Almejamos, acima de tudo, ter gosto em ver o Botafogo jogar. 


Que o mês de julho nos mostre que estávamos certos em confiar no trabalho de um profissional que, nas atuais circunstâncias, pode representar o último suspiro de esperança para além dos muros de General Severiano.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Nós merecemos sonhar

Não me lembro quando foi a última vez que presenciei uma vitória por 4 a 0. 

Arrisco dizer que o resultado de hoje teve um significado especial para todo botafoguense. 

Sim, o clube está vivendo uma situação dramática. Sim, Diego Souza está fora de forma e não aguenta correr nem dez segundos. Sim, Fernando ou Marcinho, tanto faz, pois nenhum dos dois está minimamente à altura da camisa que veste. Sim, Cícero é um jogador nulo, daqueles que você só lembra que estava em campo quando vê a ficha técnica. Sim, João Paulo ainda não se recuperou totalmente da lesão e nós não temos um jogador de criação no meio de campo. 

Mas hoje foi um dia para deixarmos todos esses problemas de lado. 

Só por hoje. 

Nós merecemos uma brecha, um suspiro no meio de tanta poeira. 

Merecemos acreditar que Barroca possui uma visão à frente do seu tempo e que Bochecha tem uma incontestável qualidade na saída de bola. 

Não nos interessa que o adversário seja praticamente inexistente em campo, daqueles que não são capazes de trocar três passes e que rejeitariam qualquer gol que insistíssemos em lhes dar de presente. 

Não nos interessa que nunca tenhamos antes ouvido falar em Sol de América, porque amanhã o Sol nascerá mais brilhante para todo botafoguense que não desistiu de sonhar com a América. 

Hoje, apenas hoje, gloriosos e gloriosas dormirão em paz, sem pesadelos ou fantasmas do passado que insistem em nos atormentar a cada mata mata. 

Quando o apagar das luzes encontrar o suor da camisa da sorte, ainda grudada no corpo com o calor da arquibancada, o botafoguense lembrará a leveza que é exibir um sorriso no rosto.

quinta-feira, 7 de março de 2019

A década perdida de Seedorf e Montillo e a esperança que chega com Diego Souza

Agora é oficial: Diego Souza está a caminho do Botafogo. 

É bem provável que ele mesmo ainda não compreenda o que sua contratação representa para o clube. E como poderia, se não estava aqui antes para vivenciar a falta de esperança e o pessimismo que há tempos dominam as arquibancadas do estádio Nilton Santos?

Nilton Santos, nosso Enciclopédia, que decidiu visitar os anjos quando percebeu o tamanho do poço no qual o Botafogo insistia em se afundar.

Quem vai dizer que ele estava errado? 

Vale a pena viver para ver o Glorioso renovar, ano a ano, sua vaga como personagem ilustre da chacota nacional?

Mais do que um bom jogador, com experiência e passagem por diversos clubes do Brasil e do mundo, Diego Souza já chega ao Botafogo com um fardo nas costas tão grande que, se pudesse compreender isso, talvez preferisse permanecer no São Paulo. 

O que sua contratação representa não é pouco: a esperança reprimida de 3,5 milhões de torcedores que, cabisbaixos, já consideravam que 2011-2020 seria uma nova "década perdida". 

A chegada de Diego Souza (2019) poderá, de alguma forma, ser comparada às de Seedorf (2012) e Montillo (2017). Talvez não em tamanho, talvez não em ambição, mas certamente em renovação de esperança atrelada a um nome de peso para compor o elenco.

Porque, nos três casos, o Botafogo carecia de um jogador experiente que pudesse se tornar o "queridinho" das arquibancadas e impulsionar as ações de marketing. Sem títulos e sem uma contratação de peso, não há torcida que se renove - e é o medo de que nossas crianças desistam da estrela solitária que, vez ou outra, nos obriga a buscar alternativas acima do nosso orçamento. 

Seedorf chegou ao Botafogo no segundo semestre de 2012, naquela que foi considerada uma das maiores contratações do futebol brasileiro. Estreou numa derrota contra o Grêmio, com estádio lotado e torcida alucinada, jogo daqueles em que ninguém consegue ficar sentado mais do que um minuto. 
Conquistou o Campeonato Carioca de 2013, mas, no mesmo ano, "amarelou" no Brasileirão, ao perder o pênalti contra o Cruzeiro que originaria o gol de empate naquela que foi considerada a "final antecipada" do campeonato (e que terminou com uma amarga derrota por 3x0).
Pouco depois, "amarelou" novamente nas quartas de final da Copa do Brasil. Seedorf nada fez em campo na goleada por 4x0 aplicada pelo time do Mal, aquela mesma que todo botafoguense gostaria de poder apagar de sua memória. 

Não estou sugerindo que Seedorf foi o grande culpado pelas desilusões de 2013. 

Estou afirmando.

Porque, se nos vestiários se comportava como líder (autoritário) do elenco, chegando ao ponto de bater em seus companheiros e aplicar sermões, em campo lhe faltava tal postura. A de líder, não a de autoritário - em que pesem os tapas e gritos que não poupou também dentro de campo. 

Em minha humilde opinião, o rosto de Seedorf jamais deveria estampar o muro de General Severiano. Já falei bastante sobre isso aqui, por isso prefiro não me alongar. 

Foi, de fato, controversa a passagem de Seedorf pelo Botafogo. Há quem concorde comigo e há quem discorde. Não existe, na torcida, um consenso geral de que sua passagem foi um grande fracasso; existe, e isso não se pode negar, uma sensação de que ele fez muito menos do que se esperava. 

Nada controversa, no entanto, foi a passagem de Montillo pelo clube. Com apenas dois jogos e uma série de lesões em poucos meses, aquele que foi contratado para ser o craque da Libertadores de 2017 praticamente não vestiu nossa camisa. 
Há quem diga que foi um azar dos grandes e que o Botafogo não tem culpa. Entretanto, em recente entrevista, Montillo afirmou que o departamento médico do clube jamais conseguiu deixá-lo em condições para jogo. 

E eu acredito nele. Porque, se existe algo que podemos questionar, é o fosso abissal do nosso departamento médico, no qual jogadores entram e jamais saem. 

As frustrações resultantes das maiores contratações da década somam-se à ausência de conquistas importantes e à crise financeira do clube para compor um cenário ideal tanto para a consagração quanto para a crucificação de Diego Souza. 

Melhor do que Kieza, certamente ele é - e quem não é? 

Em sua passagem pelo Sport (2014-1017), Diego Souza fez 56 gols em 166 jogos. Pelo São Paulo (2018-2019), 17 gols em 61 jogos. Porém, são apenas números; só o futuro poderá definir se será apenas mais um elemento da "década perdida" ou um jogador que veio para fazer diferença.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Amor, incondicional

Meu querido Fogão,

2019 chegou para nós.

Nesta noite de verão, parei para recordar tudo o que vivemos. Tantos sorrisos e lágrimas, esperanças e desilusões, euforias e desabafos, incertezas e desafios. Estive ao seu lado na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e estarei até que a morte nos separe.

Foram tantas promessas, jamais cumpridas, de que nunca mais te deixaria ser o centro da minha vida. Como em qualquer relacionamento saudável, não era aconselhável que eu projetasse minha felicidade em você. 

Mas, a despeito de todas as tentativas, admito que eu não sei te amar menos do que isso. 

Talvez seja mesmo um amor obsessivo. Como dizem por aí, sou uma botafoguense "doente". Um psicólogo me aconselharia a trabalhar o amor próprio, para que não caia mais na armadilha de correr atrás de quem tanto me abandonou. 

Quantas vezes senti-me sozinha no estádio, não porque não houvesse milhares de pessoas ao meu lado, mas porque você não parecia ser o mesmo de antes? Onde estava você, Glorioso, enquanto eu gritava apaixonadamente o seu nome?

Ando meio sem tempo para D.R's, mas é fato que você anda precisando de uns puxões de orelha. 

Ou talvez eu apenas não consiga iniciar uma D.R. porque meus raros momentos de raiva se dissipam tão rápido que chego à conclusão de que nosso relacionamento não precisa de vitórias, ou títulos, ou qualquer outra comemoração.  

Não vivemos uma relação de amor e ódio. 

Vivemos uma relação de amor. 

Incondicional, por definição. 

Sabe aquele filho que não presta, é mau caráter, mas os pais sempre aceitam de volta? O princípio é o mesmo. Pode me maltratar à vontade e gastar todas as minhas lágrimas, que eu nunca te abandonarei. 

Não consigo. Não quero. Não vou.

Sequer posso afirmar que fiz a escolha certa. Como toda botafoguense que se preze, "não escolho, fui escolhida". 

Entretanto, mesmo depois de tanto tempo de relacionamento, posso afirmar que, se te conhecesse hoje, eu me apaixonaria por você da mesma forma e com a mesma intensidade. 

Se há história de amor maior do que a nossa, eu desconheço.