domingo, 19 de janeiro de 2014

Lágrimas de crocodilo

Seedorf nos deixou.

Sinceramente, não acredito nas lágrimas que derramou em sua "despedida" - e assim escrevo, entre aspas, porque ele próprio se recusou a dizer adeus ao nosso clube de uma forma decente.

Digo isso porque, muito provavelmente, Seedorf já tinha decidido ser técnico do Milan em 2014 há muito tempo, e só não o fez antes porque não podia simplesmente romper o contrato com o Botafogo. Na verdade, duvido muito que ele não estivesse desesperado para sair daqui, onde foi vaiado e incompreendido pela mal agradecida torcida alvinegra. Em seus pensamentos, um craque como ele jamais poderia ter sido tão humilhado.

Mas é claro que ele tinha que chorar para mostrar ao mundo o jogador sensível e humilde que é - mas que nós, botafoguenses, sabemos que não é. 
Esse jogador sensível veio ao Brasil para ser maltratado, muito embora tenha nos dado muitas e importantes lições de vida e de moral, como amarelar em jogos decisivos, agredir um companheiro recém chegado da base na frente do país inteiro e não assumir suas próprias culpas, jogando-as sempre na torcida, que jamais comparecia ao estádio.

O impacto de sua saída sobre a minha alma botafoguense foi simplesmente nulo.

Sei que é - ou foi? - um grande craque do futebol mundial, mas certamente não nasceu para jogar no Botafogo. Não houve química ou paixão. Daqui a uma década, sua passagem será comentada da seguinte forma: "Caramba, lembra que o Seedorf jogou no Fogão por um ano e meio?". E só.

A explicação para isso está no fato de que o Botafogo não é apenas um grande clube, com uma linda história, onde jogaram alguns dos maiores craques do futebol mundial; o Botafogo é um lugar místico e cheio de superstições, no qual não basta ser um bom jogador para se destacar no meio da multidão. Ser ídolo, em General Severiano, é algo que não necessariamente apresenta uma correlação positiva com o fato de ser ídolo em qualquer outro lugar do mundo, ou mesmo no mundo inteiro.
Seedorf foi incapaz de compreender isso pelo simples fato de jamais ter realmente respirado o ar de General Severiano.

O que mais me indignou foi o fato de ele ter nos enrolado tanto tempo antes de comunicar sua decisão. O que se sabia era de seu pedido de mais um tempo de férias. 
E, então, subitamente, adivinhem? Seedorf vai sair. Ninguém acredita que ele decidiu isso do dia para a noite, correto? Então, é óbvio que ele simplesmente ignorou o fato de estarmos montando um time para a Libertadores e decidiu comunicar a todos na hora que julgasse mais adequada. E, é claro, dane-se o Botafogo.

Sei que foi realmente um adeus pois, apesar do discurso emocionado, ele nunca mais vai procurar saber nada sobre o nosso clube.

Então, que assim seja. Adeus, Seedorf.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sem contar os privilégios que ele sempre exigiu como, por exemplo, voltar das férias sempre depois dos outros jogadores e nao estar com o grupo e voltar de avião enquanto o time ralava no onibus no caminho de volta para o Rio como no jogo contra o Cruzeiro que, por sinal, marcou a maior amarelada do holandes.