quinta-feira, 7 de março de 2019

A década perdida de Seedorf e Montillo e a esperança que chega com Diego Souza

Agora é oficial: Diego Souza está a caminho do Botafogo. 

É bem provável que ele mesmo ainda não compreenda o que sua contratação representa para o clube. E como poderia, se não estava aqui antes para vivenciar a falta de esperança e o pessimismo que há tempos dominam as arquibancadas do estádio Nilton Santos?

Nilton Santos, nosso Enciclopédia, que decidiu visitar os anjos quando percebeu o tamanho do poço no qual o Botafogo insistia em se afundar.

Quem vai dizer que ele estava errado? 

Vale a pena viver para ver o Glorioso renovar, ano a ano, sua vaga como personagem ilustre da chacota nacional?

Mais do que um bom jogador, com experiência e passagem por diversos clubes do Brasil e do mundo, Diego Souza já chega ao Botafogo com um fardo nas costas tão grande que, se pudesse compreender isso, talvez preferisse permanecer no São Paulo. 

O que sua contratação representa não é pouco: a esperança reprimida de 3,5 milhões de torcedores que, cabisbaixos, já consideravam que 2011-2020 seria uma nova "década perdida". 

A chegada de Diego Souza (2019) poderá, de alguma forma, ser comparada às de Seedorf (2012) e Montillo (2017). Talvez não em tamanho, talvez não em ambição, mas certamente em renovação de esperança atrelada a um nome de peso para compor o elenco.

Porque, nos três casos, o Botafogo carecia de um jogador experiente que pudesse se tornar o "queridinho" das arquibancadas e impulsionar as ações de marketing. Sem títulos e sem uma contratação de peso, não há torcida que se renove - e é o medo de que nossas crianças desistam da estrela solitária que, vez ou outra, nos obriga a buscar alternativas acima do nosso orçamento. 

Seedorf chegou ao Botafogo no segundo semestre de 2012, naquela que foi considerada uma das maiores contratações do futebol brasileiro. Estreou numa derrota contra o Grêmio, com estádio lotado e torcida alucinada, jogo daqueles em que ninguém consegue ficar sentado mais do que um minuto. 
Conquistou o Campeonato Carioca de 2013, mas, no mesmo ano, "amarelou" no Brasileirão, ao perder o pênalti contra o Cruzeiro que originaria o gol de empate naquela que foi considerada a "final antecipada" do campeonato (e que terminou com uma amarga derrota por 3x0).
Pouco depois, "amarelou" novamente nas quartas de final da Copa do Brasil. Seedorf nada fez em campo na goleada por 4x0 aplicada pelo time do Mal, aquela mesma que todo botafoguense gostaria de poder apagar de sua memória. 

Não estou sugerindo que Seedorf foi o grande culpado pelas desilusões de 2013. 

Estou afirmando.

Porque, se nos vestiários se comportava como líder (autoritário) do elenco, chegando ao ponto de bater em seus companheiros e aplicar sermões, em campo lhe faltava tal postura. A de líder, não a de autoritário - em que pesem os tapas e gritos que não poupou também dentro de campo. 

Em minha humilde opinião, o rosto de Seedorf jamais deveria estampar o muro de General Severiano. Já falei bastante sobre isso aqui, por isso prefiro não me alongar. 

Foi, de fato, controversa a passagem de Seedorf pelo Botafogo. Há quem concorde comigo e há quem discorde. Não existe, na torcida, um consenso geral de que sua passagem foi um grande fracasso; existe, e isso não se pode negar, uma sensação de que ele fez muito menos do que se esperava. 

Nada controversa, no entanto, foi a passagem de Montillo pelo clube. Com apenas dois jogos e uma série de lesões em poucos meses, aquele que foi contratado para ser o craque da Libertadores de 2017 praticamente não vestiu nossa camisa. 
Há quem diga que foi um azar dos grandes e que o Botafogo não tem culpa. Entretanto, em recente entrevista, Montillo afirmou que o departamento médico do clube jamais conseguiu deixá-lo em condições para jogo. 

E eu acredito nele. Porque, se existe algo que podemos questionar, é o fosso abissal do nosso departamento médico, no qual jogadores entram e jamais saem. 

As frustrações resultantes das maiores contratações da década somam-se à ausência de conquistas importantes e à crise financeira do clube para compor um cenário ideal tanto para a consagração quanto para a crucificação de Diego Souza. 

Melhor do que Kieza, certamente ele é - e quem não é? 

Em sua passagem pelo Sport (2014-1017), Diego Souza fez 56 gols em 166 jogos. Pelo São Paulo (2018-2019), 17 gols em 61 jogos. Porém, são apenas números; só o futuro poderá definir se será apenas mais um elemento da "década perdida" ou um jogador que veio para fazer diferença.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como otimista que sou acredito que o Diego Souza veio para fazer a diferença e que com ele seremos campeões da Sulamericana ou da Copa do Brasil.

Alvinegro Apaixonado